top of page

O que é o Yoga?

por Pedro Kupfer

Muito se fala hoje em dia a respeito do Yoga. Muitas definições já foram dadas, mas às vezes temos a sensação de que alguma coisa fica faltando, de que o Yoga se recusa a ficar aprisionado num conceito. Isso acontece porque essas quatro letras juntas significam muitas coisas; algumas, antagônicas entre si. E o Yoga acaba sendo sempre mais do que as palavras podem expressar.

Originalmente, o Yoga nasceu como uma visão muito especial sobre o ser humano e seu papel na ordem das coisas, que incluía um caminho prático para o crescimento pessoal. Um caminho que conduz o ser humano à compreensão de si mesmo. Uma das possíveis traduções da palavra Yoga que figuram no dicionário sânscrito é união, mas Yoga igualmente significa aplicação. Ou seja, o Yoga seria o meio e o fim ao mesmo tempo.

Tudo o que fazemos na vida são meios para obter coisas. O que fazemos agora é um fim em relação a outra coisa, que por sua vez será um meio para realizar uma terceira, e assim sucessivamente. Porém, deve haver alguma coisa que seja apenas um fim em si mesmo, um fim último, que não sirva como meio para mais nada. O Yoga é um jogo, cuja única regra é permanecer totalmente consciente o tempo todo, de cada ato, a cada momento.Talvez possamos achar que o Yoga é algo separado de nós mesmos ou do nosso dia-a-dia. Algo que fazemos em algum momento e deixamos de fazer no momento seguinte, como ir às compras ou falar ao telefone. O Yoga é para ser vivido, de maneira atenta e equânime. Esse viver consciente, essa atentividade constante é a essência da prática e ao mesmo tempo o fruto do amadurecimento emocional, que é um processo gradual. 

O Yoga é para todos. Não é apenas para pessoas sadias ou doentes, jovens ou velhas. É para seres humanos, e não consiste em substituir o sistema de valores ou mitologias do mundo ocidental por outro exótico, não é escapismo ou uma resposta desesperada ao vazio que a sociedade oferece. A partir da definição que Patañjali dá no Yogasūtra, II:2 “Yoga é a supressão da [identificação com] as modificações da psiquê”, vemos que a prática começa numa sede profunda por transcender os condicionamentos; vemos a necessidade de desenvolver as potencialidades humanas e realizar aquela que é a mais alta aspiração humana: ousar viver a plenitude e a felicidade. O método pelo qual o Yoga pretende atingir esse objetivo é a reflexão para a autocompreensão e o encontro do nosso lugar na ordem maior. Nesse contexto, a prática de āsanas, prāṇāyāmas e meditações busca reavaliar valores e paradigmas, libertar o corpo vital das inevitáveis couraças que fomos criando ao longo do tempo e polir o espelho do coração para que as emoções possam refletir a plenitude. Múltiplo em suas diferentes correntes e manifestações, o Yoga foi sempre fiel a um modo de ver o homem e de servi-lo: após a disciplina e a paciência exigidas pela prática, sente-se a calidez da sua solicitude carinhosa por todos e respeito por toda a criação. Seu caminho é radical mas acessível a todos e nos leva ao reconhecimento de que já somos a felicidade que estávamos buscando.

 

Texto extraído e adaptado de:

http://www.yoga.pro.br/artigos/350/1/o-que-e-o-yoga​​​​​​​​​​

bottom of page